segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Prólogo

Eu era recém-chegada quando a Rosana chegou também, e por motivos de logística empresarial ela foi sentar justamente do meu lado. Ela ficou ali uns dias, calada – e eu também –, até ir para sua mesa definitiva, duas entradas depois, à direita. Aos poucos ficamos menos quietas, aos poucos os almoços e as caronas aumentaram nosso repertório de conversas e de repente a Rosana dividia comigo a expectativa de tornar-se madrinha do Vin e eu contava para ela as gracinhas do meu afilhado.

Um dia a Rosana fez aniversário – e acho que ela tinha trocado de cabelo pouco antes – e fui convidada para a comemoração, na casa dela. O tour habitual que se faz numa casa aonde se vai pela primeira vez tinha um sabor especial ali no apartamento da Rosana: o acabamento da prateleira da TV era uma fita métrica aplicada pela própria; uma caixa de correio charmosa guardava correspondências e cartões ao alcance de todos os afetos; a prancheta segurava a coluna da semana para quem entrasse no banheiro; a foto tradicional de bebê da Rosana olhava para a foto tradicional do marido dela na sala; e havia mais uma sorte de detalhes, manufaturas, carinho e salamaleques por ali que deu vontade de passar dias descobrindo os cantinhos que ela mesma inventa.

Não faz muitos meses que a Rosana e eu voltamos a sentar lado a lado, e agora – três ou quatro cabelos trocados depois (e algumas confissões) – fico animada quando ela anuncia que vai ao SAARA na hora do almoço. Ela volta com sacolas de fitas, carimbos, papéis decorados, molduras, jet e tabuleiros de jogos, e tudo isso vira outra coisa feita com a própria mão dela. Com a Rosana até as camisetas velhas do marido são aproveitadas, e aqui no trabalho quase todo mundo circula com os colares fabricados a partir dessas malhas. Não bastasse tudo isso, a Rosana tem dois gatos, é craque no steak tartare, edita livros e faz gifs hipnóticos.


Eu, por minha vez, acho mais fácil criar blogs. Este aqui tem a colaboração indispensável da Manon, que fez a arte, as bênçãos da Gabriela e um título autoexplicativo. Feitas as devidas apresentações, bem-vindos ao Olha o que a Rosana faz